Ninguém estranha quando se fala do equipamento certo para correr: os ténis, o tipo de piso, a posição do pé. Mas há um tema que quase nunca entra na conversa — e que, para muitas mulheres, faz toda a diferença entre poder mexer-se livremente ou viver em desconforto constante.
Estamos a falar do peito. Ou melhor, do suporte (ou falta dele).
Estamos a falar do peito. Ou melhor, do suporte (ou falta dele).
Um pouco de mecânica: o que acontece quando se tenta “travar” o movimento
Na engenharia, há uma lógica simples: quando restringes uma parte móvel de uma estrutura — porque está a vibrar, a desgastar ou a causar tensão — o stress passa para outro ponto. A energia não desaparece. Apenas muda de lugar.
O mesmo acontece com o corpo. Se usares um soutien ultra-rígido que “imobiliza” o peito por completo, essa força precisa de se dissipar algures. O estudo recente mostra exatamente isso: quanto mais se reduz o movimento natural do peito, mais aumentam as cargas internas na coluna vertebral — especialmente na região lombar.
O problema? O mercado valoriza a ideia de bounce reduction acima de tudo. Mas esquecemos do preço que isso pode ter: mais rigidez pode significar mais tensão no corpo — e até mais dor nas costas. Sobretudo se o soutien for mal ajustado.
O mesmo acontece com o corpo. Se usares um soutien ultra-rígido que “imobiliza” o peito por completo, essa força precisa de se dissipar algures. O estudo recente mostra exatamente isso: quanto mais se reduz o movimento natural do peito, mais aumentam as cargas internas na coluna vertebral — especialmente na região lombar.
O problema? O mercado valoriza a ideia de bounce reduction acima de tudo. Mas esquecemos do preço que isso pode ter: mais rigidez pode significar mais tensão no corpo — e até mais dor nas costas. Sobretudo se o soutien for mal ajustado.
Um tema desconfortável
Há algo quase invisível neste tema. Fala-se do desconforto dos pés, dos tornozelos, das articulações. Mas os seios continuam a ser “invisíveis” na conversa sobre movimento — como se o corpo feminino fosse suposto adaptar-se, calar e aguentar.
Não há qualquer razão para que isto continue a ser tabu. Estamos a falar de biomecânica, de dor real, de capacidade de ação.
E sim — usar o soutien certo pode fazer toda a diferença. Mas não é só uma questão de escolher “um bom soutien”. É também saber como usá-lo, adaptar-se gradualmente, e estar atenta ao corpo.
Não há qualquer razão para que isto continue a ser tabu. Estamos a falar de biomecânica, de dor real, de capacidade de ação.
E sim — usar o soutien certo pode fazer toda a diferença. Mas não é só uma questão de escolher “um bom soutien”. É também saber como usá-lo, adaptar-se gradualmente, e estar atenta ao corpo.
Conselhos práticos para mulheres ativas
- Não é igual para todas. Um soutien que funciona para a tua amiga pode não funcionar para ti. Tecido, forma, compressão, costuras — tudo influencia.
- Experimenta com tempo. Trata o uso do soutien de desporto como um processo: começa com movimentos leves, testa durante caminhadas antes de treinar com intensidade.
- Treina o corpo para o soutien. Se estiveres habituada a um tipo de suporte e mudares abruptamente para outro, o corpo precisa de se adaptar.
- Desconfia de soluções absolutas. Imobilizar totalmente o peito pode aumentar a carga na coluna. Procura equilíbrio, não rigidez.
O conforto não é luxo. É condição para a liberdade de movimento. Se queremos que mais mulheres se mexam, é preciso começar por criar condições para que o corpo todo — incluindo o peito — possa fazê-lo sem dor, sem vergonha e sem esforço compensatório escondido.
E por favor: falemos disto. Porque um corpo que não pode mover-se livremente, não pode expressar-se plenamente.
E por favor: falemos disto. Porque um corpo que não pode mover-se livremente, não pode expressar-se plenamente.
Fonte: Mills, C., Milligan, A., Scurr, J., & Choppin, S. (2025). Modelling female breast motion during running: Implications of breast support for the lumbar spine. European Journal of Sport Science. https://doi.org/10.1080/17461391.2024.2321487